E é ao som de 'Beirut' e com uma puta insônia que eu começo esse post. Com um sentimento confuso sobre mim. Confuso e ao mesmo tempo libertador. Algo como uma folha prestes a cair de uma árvore no outono, a ganhar o mundo com a possibilidade trazida pelo vento que a conduz. Me sinto nostálgico, lembrando muito de tempos vividos. Fotos tiradas, conversas tidas, prazeres sentidos, canções desafinadamente cantadas ao efeito do álcool e cigarros de sabores diferentes. Não me queixo nem um pouco da vida que levo ultimamente; mas sinto falta daquele despropósito, daquela solidão que tomava minhas noites de domingo, daquela despreocupação, sinto falta até mesmo daquela melancolia que eu sentia a cada frustração sofrida. Mas seria demais pedir que alguém compreendesse tamanho desatino. Não é cabível ao ser humano hoje em dia se dar ao luxo de ser melancólico. Tudo é sempre muito otimista. Até eu mesmo me construí assim. De uma forma que passei a mascarar meus defeitos e minhas ilusões. Sinto que sou feliz, mas me falta algo. Uma ousadia perdida ao longo do tempo e que deu lugar a um certo descontentamento, até visível em algumas horas mas, na maioria do tempo, mascarado.
Talvez eu esteja me arriscando em postar isso e dar margem a várias interpretações dúbias e errôneas. Mas um desabafo é sempre um desabafo. Se fosse agradável, não precisaria ter tal nome. Ninguém desabafa que está pulando de alegria, por exemplo, simplesmente se percebe.
E calma, não confundam nostalgia com insatisfação. É simplesmente saudade de uma vida que passou e que lembrarei como foi boa de se viver. Coisas de quem já está passando dos 21... e entrando naquela fase onde aparecem as várias crises existenciais. E depois de escrever tudo isso, o que mais me conforta é saber que eu sou absolutamente normal. E sei que alguém vai se identificar com isso de alguma maneira. Afinal, juventude não determina idade; é um estado de espírito. E é assim que eu ainda me sinto por dentro.